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Marca Pessoal – Estratégia esquecida na Retenção do Talento?

(Artigo publicado na Revista Human, edição Julho/Agosto 2022)

Marca Pessoal, Estratégia esquecida na Retenção do talento?

O que a marca pessoal e a retenção do talento têm a ver uma com a outra? Aparentemente nada, já que a marca pessoal é considerada uma preocupação exclusiva do colaborador e a retenção do talento é um dos fatores mais críticos das empresas hoje em dia. Se este pensamento era compreensível (não estou a dizer aceitável!) até há alguns anos atrás, neste momento pode ser fatal para reter os colaboradores mais importantes para o sucesso da empresa.

A pandemia deu um grande abanão à relação empregado-empregador e ‘de repente’ determinados grupos de colaboradores ficaram com um poder que até agora só era visível do lado dos empregadores. O fator principal é a escassez de talento em determinadas profissões e funções, mas não é a única razão. A pandemia também provocou uma reflexão mais profunda nas pessoas, que leva a escolha de um emprego (atual ou novo), além da própria função e a compensação monetária, baseada num alinhamento entre o propósito individual e o propósito da empresa. Mais do que nunca, com um crescimento das incertezas sentidas a nível macro (economia e políticas globais) e micro (a nível individual), as escolhas que um colaborador faz, são mais ponderadas e têm de fazer sentido para além dos benefícios ‘standard’. Cada vez mais, as empresas têm uma profunda noção da importância de ter bem definido o seu propósito e a divulgação do que faz na área de responsabilidade social e sustentabilidade. Também se devem preocupar com o bem-estar e as necessidades de crescimento pessoal e profissional dos colaboradores. E quem são os melhores embaixadores na divulgação desta imagem corporativa? Exato, os colaboradores!

Eis alguns fatos interessantes:

– Segundo a Edelman Trust Barometer, referência mundial para medição dos índices de confiança em governos, instituições, e pessoas, 74% dos investidores institucionais dizem que a capacidade das empresas em conquistar o melhor talento é mais importante para ganhar a sua confiança do que adquirir novos clientes (2020)

– 61% dos colaboradores escolhem, deixam, evitam ou consideram empregadores de acordo com os seus valores e crenças (Edelman, 2021)

– Mensagens de marca atingem 561% mais pessoas se forem partilhadas pelos colaboradores, comparado com as mesmas mensagens partilhadas pelos canais oficiais da empresa (MSL Group, n.d.)

– 81% das empresas estão nas redes sociais e profissionais, mas apenas 19% investem em formação em matéria de redes sociais (Eurofirms, 2020);

Pode agora questionar-se: mas como a marca pessoal dos colaboradores pode contribuir positivamente para a imagem corporativa? A marca pessoal, definida de forma simples, é a perceção que os outros têm de si, ou seja, o seu valor percebido. Este valor baseia-se na qualidade e forma única como entrega o seu trabalho. Como todos nós temos uma combinação única de experiências, valores, propósito e personalidade, não há duas marcas pessoais iguais. Um colaborador que cuida da sua marca pessoal, preocupa-se com a sua reputação e com a perceção que os seus ‘stakeholders’ (pessoas importantes para a sua carreira) têm de si. Estes colaboradores com uma marca pessoal forte, facilmente atingem mais pessoas com as suas mensagens nas redes sociais do que as marcas corporativas, simplesmente porque as pessoas confiam mais na opinião de um amigo/familiar do que na da empresa (Nielsen Global Online Consumer Survey, 2015). Ora, aqui está uma grande oportunidade para as empresas, numa parceria de branding com os seus colaboradores! Porém, colaboradores que acham que a empresa não os trata bem, não terão grande vontade em ser parceiros neste branding. Para chegar a este ponto, a empresa precisa de ter uma estratégia de ‘employee experience’ e ‘employer branding’ bem conseguida. Só quando se pode verificar isto, faz sentido pensar num win-win de branding entre os colaboradores e as empresas. Colaboradores que se sentem bem tratados, cujo talento é reconhecido e cujas necessidades como o ‘work/life balance’ e oportunidades de aprendizagem e de carreira são salvaguardadas, terão muito mais vontade de se tornarem embaixadores da marca corporativa (‘employee branding’). Isto só acontecerá quando o próprio colaborador entende que associar-se publicamente à marca corporativa tem um valor acrescentado para a sua marca pessoal, ou seja, quando a marca corporativa é forte e positiva.

Esta forma de pensar não se verifica ainda em muitas empresas, porque exige um nível alto de confiança nos colaboradores quanto à sua exposição pública. Existe o medo de que ao apoiar esta exposição pública dos colaboradores, eles são mais facilmente identificados pela concorrência e assim as empresas podem perder o seu talento crítico, as marcas pessoais que são a base do sucesso da empresa. Mas este medo não precisa de existir se as empresas ouvirem bem o que realmente move os colaboradores e o que eles necessitam para florescer.

Se quer aprender como gerir a sua marca pessoal para obter mais sucesso profissional e pessoal, inscreva-se se na próxima edição da Pós-Graduação em Coaching Executivo e Liderança de Alta Performance no Instituto Superior da Gestão.

Manon Rosenboom Alves 

Founder, Coach & Facilitator Reinvent Yourself